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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Novamente, o desarmamento - EDITORIAL GAZETA DE CUIABÁ
Veículo: Gazeta de Cuiabá - MT / Veiculação: On-line - www.gazetadigital.com.br/materias.php?codigo=288826&codcaderno=10&GED=7064&GEDDATA=2011-04-10&UGID=e9413f41f49607c6c95a282bd0c9de53
Da Editoria

A tragédia ocorrida recentemente em uma escola do Rio de Janeiro, que vem sendo chamada de massacre por ter vitimado 12 adolescentes mortos por um jovem desequilibrado, trouxe mais uma vez à tona a sempre polêmica discussão sobre o desarmamento. Na última sexta-feira o presidente do Senado, José Sarney, defendeu a revogação do Estatuto do Desarmamento, que está em vigor desde 2003 e, após passar por um referendo, decidiu contrariamente ao fim do porte de arma no Brasil.

Ao Estatuto do Desarmamento seguiu-se uma campanha visando a entrega de armas de fogo, com direito à indenização, por parte daqueles que não possuíam registro ou porte. Segundo dados do Ministério da Justiça, a campanha resultou na entrega de 443.719 armas que foram destruídas pelo Exército. Considerando a meta de 80 mil armas superada, a campanha foi estendida até outubro de 2005.

A lei aprovada no Congresso restringiu o porte de arma no país permitindo apenas em casos especiais como pessoas que vivem em áreas isoladas, policiais e militares. A proposta de Sarney é colocar novamente o assunto em discussão e elaborar uma lei mais rigorosa, segundo ele, com tolerância zero em relação às armas. Para Sarney essa permissão de porte, mesmo que restrito, abre caminho para a aquisição de armas clandestinas que acabam caindo nas mãos de bandidos e pessoas que não deveriam sequer poder chegar perto de um revólver, como é o caso do ex-aluno que disparou contra os estudantes na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo.

A proposta do senador é cheia de boas intenções, mas duvidosa, já que coloca nas mãos do Congresso a responsabilidade de tentar restringir ao máximo a capacidade de pessoas não habilitadas a terem acesso a armamentos. Mas por mais que existam as leis, é preciso que sejam cumpridas e, principalmente, que os infratores sejam duramente penalizados.

Não é de hoje que se veem bandidos fortemente aparelhados guardando as favelas e suas toneladas de drogas, munidos de armas que supostamente deveriam estar dentro dos quartéis, de posse apenas dos militares. Com estas armas enfrentam sem medo as autoridades e mesmo as apreensões que se seguem às operações da polícia parecem não ser suficientes para lhes tirar das mãos esse pesado poder de fogo.

Controlar este comércio ilegal de armas, que obviamente conta com a conivência de quem supostamente deveria proteger a população, é um desafio que exige não apenas a elaboração de leis mais severas, mas investigações sérias e punições exemplares. Este deve ser o foco principal dos parlamentares que se dispuserem a rediscutir o Estatuto do Desarmamento. A sociedade, principal refém da violência pura e bruta, tem medo e por isso vê nas armas seu melhor meio de defesa. Este é o principal motivo pelo qual votou contra o fim do porte no referendo. Eliminar as armas é uma solução muito banal para uma situação tão complexa como a da violência no país, que pede muito mais que discussões simplistas como a que propõe o senador.
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