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terça-feira, 27 de setembro de 2011

"Do rio que tudo arrasta, se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem." (Bertold Brecht).

Assim está acontecendo em Minas. A imprensa , o Ministério Público e o Tribunal de Justiça mineiros, aliados de primeira hora dos governos tucanos que nos assolam há 9 anos, acusam a greve dos professores de violenta. No entanto não divulgam e sequer consideram a camisa-de-força em que o governo Anastasia os meteu, nem a violencia da Policia Militar na repressão do movimento.
Vejam o depoimento de uma professora mineira: "Tenho estado em sala de aula há 24 anos, desde 1987. Fui parar numa sala de aula da Rede Estadual de Educação de Minas Gerais por amor à profissão e por incentivo salarial, pois quando comecei a lecionar, em 1987, o nosso Salário Base (vencimento básico) correspondia a três salários mínimos (hoje, R$1.635,00) para quem lecionava de 5ª à 8ª série, e cinco salários mínimos (hoje, R$2.725,00) para quem lecionava para o Ensino Médio. Tinha perspectiva de carreira profissional. Com o tempo, vi a nossa situação piorando ano a ano, suportável durante algum tempo, mas há 9 anos sinto-me no fundo do poço. Sou mãe e tenho dificuldades para manter as despesas da casa. Moro de aluguel, não consigo viajar de férias há uns seis anos, dependo de um Plano de Saúde que não funciona (IPSEMG), gasto dinheiro com antidepressivos para conseguir trabalhar dois horários em condições que não carecem de serem descritas aqui. Sei que existem outras/os professoras/res em situações piores e me firmo nisso para não cair no desespero diante das consequências dessa nossa luta que é justíssima.”
Assim está a realidade da educação em nosso estado.
Outro dia me perguntaram o porquê do governador Anastasia agir desta forma se também ele havia sido professor. Respondi: Anastasia pode até ter sido professor , mas nunca foi um educador.
A energia moral do universo de todo corpo docente é o local em que se forjam os conceitos sociais, os valores éticos, as relações de solidariedade, o respeito ao outro e a consciência da cidadania. Anastasia pode ter feito parte de algum corpo docente, mas sem qualquer resquicio de energia moral. Vai deixar o governo no fim de seu mandato, como entrou: marionete de Aécio Neves.
Esses tucanos neoliberais, partidários da teoria do estado mínimo, do entreguismo, já terceirizaram quase tudo em suas administrações, dos serviços de conservação, passando por penitenciarias, até a reprografia, vão também, em breve, terceirizar os ensinos fundamental e médio do estado.
O que é ainda mais desanimador é o fato de que foi o povo de Minas quem os elegeu.

Jeferson Malaguti Soares

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